sexta-feira, 28 de novembro de 2014


TRANSMUTAÇÃO

    Ora, nem sei bem por onde começar. Naquela tarde chuvosa de outono, no encanto da idade, por dizer assim, deixei para traz o corpo já cansado pelas adversidades. Naquela época pouco compreendia o que ocorria ao meu redor e o choro convulsionado de meus pais e familiares mais contribuía para o prolongamento do meu estado mórbido. Tanta revolta e irresignação agrediam-me o coração igualmente amargurado. Se tivessem podido transmudar as lagrimas e imprecações em orações dadivosas talvez meu reequilíbrio se fizesse mais ágil. 
Contudo, como julgar papai e mamãe, que, de alma e coração dilacerados, vertiam rios de lágrimas? Como julga-los se a doenças retirava de seus braços ternos a doce companhia de sua filha? Que pai e mãe teriam equilíbrio e sensatez em hora tão amarga.
Se, contudo, escuras sombras cobriam, nos primeiros meses, suas almas aflitas, eu, por minha vez, recuperava a sanidade outrora perdida pouco antes da “transmutação” da carne. Como soa melhor esta palavra àquela mais preferida por todos: “desencarnação”. È que, para mim a carne apenas transformara-se em pura energia espiritual e, como a lagarta que precedera a borboleta, vi-me, aos poucos deixando no passado o corpo frágil e febril para assumir minha forma de hoje.
Ocupo este espaço para brevemente enviar meus abraços saudosos aos meus parentes, mas, também, para agradecer a todos aqueles que, neste, como noutro plano, oraram e contribuíram para minha ascensão.
Encontro-me bem agora e mais forte e preparada para nova jornada que espero com paciência e resignação quanto às novas adversidades que terei de passar para recompor meu passado estéril e faltoso.
A todos o meu muito obrigado.  

                          Clarice.                                                                                   
                                                         
Psicografia recebida em Reunião de Psicografia em  2014.                                     

           Médium:  Ana Paula.

domingo, 23 de novembro de 2014


ALMA FEMININA

Tenho sentido muitas saudades dos meus queridos familiares, pois, de forma cruel fui retirado do meio deles. De uma forma dolorosa com muito sofrimento tanto na carne como no espírito. Fiz todos que estavam ao meu redor sofrer e até mesmo adoecer.
Hoje aqui no plano espiritual, eu posso entender muito bem, quanto minha querida mãezinha sofreu, sempre muito calada, mas com o coração em lágrimas.
Um homem, ou melhor, um filho homem, para os pais é sempre muito esperado, são depositados nele muitos sonhos e sempre a questão do “macho”. Mas quando vê que seu filho é homem, mas a com alma feminina, começa o sofrimento, a vergonha e o preconceito.
È muito difícil para eu falar aqui do meu sentimento, pois, nunca tive a liberdade de expressar e gritar para todos a minha verdade. Falta em mim palavras certas para dizer, acreditem tenho medo, muito medo da repressão de todos.
È muito louco tenho hoje total liberdade para o meu desabafo e não consigo, mas não vou perder esta oportunidade de dizer a todos que não me arrependo das minhas escolhas. Se envergonhei, se não fui um macho sinto muito, muito mesmo e eu lamento por não ter realizado os sonhos de meus pais. Sei que acabei com minha vida, não me cuidei, não pensei que ficaria doente e que todos ao meu redor iam adoecer comigo. 
Me perdoem, por favor, eu lhes peço perdão com meu coração cheio de amor, pois, fui um homem que só queria amar e ser aceito.
Com carinho, um grande abraço.       
      
                        Juliano.   
                                                        
                                                         
Psicografia recebida em Reunião de Psicografia em  2014.                                     

           Médium: Nicodemos.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

PERDA PRECOSE  

Entendo que minha abrupta “partida” tenha desestruturado mamãe e papai. Quando nasci, lembro-me como se fora ontem, fiz transbordar de alegria seus convulsionados corações.
Tão querido e ansiado, tive as portas do lar amoroso abertas francamente à minha breve passagem. Eles não se lembravam mais, mas tempos antes de minha concepção já havíamos nos reencontrado durante o desdobramento espiritual ocorrido nas noites tranqüilas daquela primavera. Havíamos acordado “os termos” de minha vinda ao seu mundo e não consistia surpresa, por isso mesmo, que minha estada seria tão breve.       
Embora não se lembrassem igualmente, já nos encontráramos diversas outras ocasiões no mesmo seio familiar, mas com os papeis trocados, ora “eu” pai, ora eles. Temiam com antecipação a dor da perda precoce de seu primeiro e abençoado filho, mas foram encorajados a seguir o caminho daquela prova pelos abençoados guias que nos conduziram àquele encontro prévio. Afiançaram-lhes que nunca lhes faltariam o socorro divino nos momentos de desespero e que, em orando e rogando a Deus a resignação e a compreensão necessária, prontamente as teriam, desde que, também se esforçassem nesse sentido.  
Lembro-me perfeitamente que, pouco antes de minha ligação ao pequeno feto que se formava no ventre materno, novas angustias reprimidas pelo inconsciente de minha mãezinha, temerosa do indefinível sofrimento que alcançaria a família, em tão pouco tempo após minha chegada, abalaram minha constituição orgânica, a ponto de quase expulsar-me por meio de um aborto espontâneo.
Refeita do melindre nos afagos e amorosos esclarecimentos do benfeitor ao qual minha família fora confiada, ao longo de tantas gerações, pudemos prosseguir com minha gestação e posteriormente parto.
Assim, embora tudo estivesse previamente acordado, não se lembravam de sua corajosa aceitação à minha vinda e breve partida. Por isso entendo seus lamentos e, até mesmo, a temporária revolta que parece ter tomado conta do coração de papai. Queria lhes dizer o quanto os amo e que, daqui, de onde estou, posso ouvir sua orações e sentir como meus o ressoar de seus sentimentos.
Quero dizer-lhes também obrigado. Pelo amor incondicional, pela doação e renuncia temporária ao convívio com esta minha singela alma que tanta dor e desencanto já lhes proporcionou em pretéritas existências, mas que agora, com ajuda deles, começa a reassumir o leme de seu barco outrora desgovernado.  
       
                        Josué.   
                                                       
                                                          
Psicografia recebida em Reunião de Psicografia em  2014.                                     

           Médium:  Ana Paula.

domingo, 16 de novembro de 2014

EU TE AMO

    Mãe vou direcionar esta mensagem a você, pois sei que é a que mais sofre com minha partida. Tão grande é o seu sofrimento que pedi permissão ao meu mentor, aquele que me ajuda a superar a dolorosa separação do meu corpo físico, para lhe escrever e acalentar o seu coração.
Imagino como é difícil para as mães perder seu filho que foi gerado com tanto amor. Imagino como é tamanha dor da separação. Imagino tantas coisas dolorosas, mas só não vivi nenhuma delas, pois não tive filhos nessa encarnação. Parti muito cedo no auge da minha juventude e ainda não pensava nisso. Mas mãe venho lhe dizer que estou bem, me recuperando a cada dia do mal que me fez tanto sofrer, o mal que me levou desta vida. A doença realmente foi muito dolorosa. Você não sabe, mas às vezes perdia as forças e pedia a Jesus para me levar.
Agora entendo que mesmo pedindo Ele só nos leva quando é chegada a hora. Por isso lhe digo, a hora chegou. Não quero que chores mais, pois isso me faz sofrer. Pratique o desapego e doe todas as minhas roupas, sapatos, bolsas, bijuterias, óculos, lenços, pois sei que estão todas ainda guardadas como deixei. Não vou usar mais e você sofre por ver essas peças imaginando eu dentro delas, desfilando pela casa, como sempre fazia. Eu muito vaidosa gostava tanto de uma boa produção. Então, não imagine mais. Ore e peça a Deus por nós duas, pois estou fazendo isso aqui.
Só poderei me restabelecer se você estiver bem. Veja quantas mães já perderam seus filhos. Você não é a única. Por isso lhe peço, tenha fé em nosso pai maior, Ele sabe o que está reservado para mim e para você. Quem sabe se você arrumasse uma irmãzinha para mim, assim você passaria a ela todo esse amor guardado que tem por mim. Sei que ela receberia e seria muito feliz. Será que Deus vai te fazer uma surpresa? Não sei, é somente uma sugestão daquela que te ama tanto.
Quero que saiba que nossos laços nunca vão se separar e assim que me for permitido estarei te visitando e você sentirá a minha presença e quando isso acontecer, acredite, pois sou eu que estarei lá. 
Acalma o seu coração. Alivia a suas dores e se apega com Jesus.
Termino aqui dizendo três palavras: Eu te amo e esse amor que estou lhe enviando neste momento fará com que você se restabeleça de todas as mazelas.
Beijos da sua filha que sempre estará junto de ti.

                          Julia P. Fonseca.                                                                                   
                                                         
Psicografia recebida em Reunião de Psicografia em  2014.                                     

           Médium:  Regina.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014


MÍNGUA DE AMOR

Á velhice amargurada já me cobria com o véu escuro os olhos quando desencarnei naquela tarde fria de outono. As pernas, antes lépidas e inquietas, já não sustentavam com firmeza o corpo cansado. As mãos descarnadas e trêmulas já não dispunham de utilidade. Os órgãos desgastados pelos excessos da gula e vícios incontidos apenas aguardavam o findar das energias depauperadas.
Admito que minha partida deste plano não deixou-me a vontade. Assim que recobrada a consciência logo inquiri-me: onde os palacetes celestes, os anjos fulgorosos, as dádivas divinas, enfim. Para mim, homem trabalhador que, a custo da própria saúde, mantivera o necessário a família, não faltaria as honras do pai bem sucedido e chefe respeitado.  
Quantas ilusões nutria. Alçava-me às graças celestes apenas por levar o alimento suficiente e o agasalho necessário. Gabava-me de honrar a casa paterna conferindo à frágil esposa e os filhos concebidos o sobrenome de minha linhagem.
Hoje, de posse da consciência e autocrítica já não me vejo como outrora. Se sustive de bens materiais o lar construído deixei-o à míngua de amor e consideração. Não soube entender o papel de educador que a vida me impunha. Não perquiri quanto aos anseios de felicidade daqueles que imaginava apenas me caber o sustento do corpo. Falhei deveras no quadro de meus compromissos e, ao final, apenas soube amargurar-me com a decadência do corpo outrora avantajado.  
Àqueles que, com eu, reduzem seus compromissos às responsabilidades mundanas deixo este meu triste exemplo de pai e esposo muito amado, mas incapaz de externar e disciplinar seus próprios afetos.
Cultivando a afetividade e o amor verdadeiro, decerto, em melhor situação encontrar-me-iam hoje.
Que Jesus nos abençoe e conceda a misericórdia.
   
 Lourival.   
                                                        
                                                         
Psicografia recebida em Reunião de Psicografia em  2014.                                     

           Médium:  Ana Paula.

sábado, 8 de novembro de 2014

BENDITA RESIGNAÇÃO

Quanta tristeza carreguei na minha última existência, aos primeiros anos da minha juventude, onde os sonhos são tão leves e felizes, tudo é beleza, quando a vida nos sorri e nos sorrimos para ela.
Foi nessa época que depois do aparecimento de manchas pelo corpo e a falta de sensibilidade nas pontas dos dedos fui levada pelo meu pai a uma consulta com famoso médico da época.   O diagnóstico fora certeiro e aniquilante, o que era? Lepra, que hoje se chama Hanseníase.
A partir daquele momento meu mundo e o da minha família desabaram, e foi com muita dor que fui afastada do convívio dos meus, internada num hospital especifico para tratamento da tão temida Lepra. Ali só os pacientes da terrível moléstia conviviam normalmente entre si, o restante, médicos e outros profissionais de saúde nos tratavam com certa diferença, acredito que a maioria deles não fazia isso por maldade, mas muito mais por falta de esclarecimentos. Sabem que as cartas que enviávamos aos nossos familiares não saiam dali naturalmente, tudo passava por um processo de esterilização. Assim vivi nesse lugar.
No começo foi muito triste, não consegui terminar nem a escola normal, queria tanto ser professora..., a ausência da família e preconceito sofrido por toda gente.  Com o tempo fui me acostumando e com o passar desse tempo comecei a trabalhar lá, auxiliando pessoas menos cultas e desprovidas de tantas coisas que eu tive fartamente desde o meu nascimento, a vida ali era muito sofrida, as pessoas perdiam pedaços, quanta dor senti e vi ali. Eu mesma, de uma moça bonita tive minha aparência física afetada pela doença.
Hoje eu consigo entender perfeitamente o porquê de tudo o que eu passei, e confesso, não foi mais do que eu mereci, cada dia, cada dor, cada desilusão que sofri me serviu como meio de resgate de coisas feitas em outras encarnações.
Mesmo durante os longos anos que lá passei consegui aceitar com resignação tudo aquilo. Lá me casei, tive filhos e vivi por muitos anos. Pude ainda ter a oportunidade de sair de lá e me estabelecer em uma casa com minha família, que a essa altura era formada por mim, meu marido e meu filho.
Ainda assim sofri muitos preconceitos, muitos tinham medo de se aproximar, mas como sempre encontramos almas esclarecidas e caridosas. Muitas pessoas também se aproximavam e nos abraçava dando mostra do enorme amor que sentiam.
 Tudo passado! Tudo resolvido! Resgatei nessa última existência boa parte dos meus débitos e agradeço a Deus por cada dia que passei, por cada dor que senti naquele bendito lugar, naquela escola de amor e aprendizado. Bendita seja a resignação que tive durante toda minha vida.
Hoje sou tão feliz! Feliz de ter dado conta de tudo que passei. Obrigada meu Deus por toda a oportunidade de aprendizagem que me destes.
Um irmã, uma amiga chamada
                        Lepra.    
                                                        
                                                         
Psicografia recebida em Reunião de Psicografia em  2014.                                     
            Médium:  Irmã D. 

domingo, 2 de novembro de 2014


MÃE QUERIDA,

Primeiro veio você, com a alegria e a promessa de um dia me receber.
Anos depois cheguei eu, com a promessa de muito poder te dar.
O tempo passou, depois dos primeiros anos, com você não precisava mais contar.
           Jovem arranjei um jeito, um jeito de viajar e, por pelo menos alguns meses, no meu destino poder mandar.
       Minha vontade era de lá, lá no estrangeiro ficar, mas como? Se ainda não poderia me sustentar?
          Voltei contrariado, afinal meus estudos eu precisava terminar, e para isso com os recursos do meu pai, era o que eu tinha para contar.
            Estudei, me preparei, mas sempre a imaginar, do dia em que eu ficaria livre do nosso lar.
            Quando tudo estava arranjado, fui então viajar, mas dizendo que logo iria voltar.
            Minhas asas cresceram, já conseguia voar e porque eu teria que notícias lhes enviar?
Andei mundo afora, sem jamais de você me lembrar.
Depois do tempo passado, comecei a imaginar, vou agora desfrutar de tudo que o dinheiro possa me dar.
O tempo passou ligeiro, vivi feliz com muito dinheiro e chegou então a hora de eu voltar, não mais ao nosso lar.
Voltar pra verdadeira Pátria, que estava a me aguardar, lá teria eu, que todos os meus atos prestar.
Foi aí que me lembrei, que um dia eu tive você, você, mãe querida, que eu nunca mais procurei.
Onde estaria você, queria te encontrar, mas no lugar que eu estava, era certo, que você ali não poderia estar.
Te procurei em vão, até que um dia alguém me disse, não adianta procurar, sua mãe aqui sempre vem e você não a consegue enxergar.
A única coisa que faz, é por você orar.
Chorei, e me perguntei em que hora da minha vida resolvi te abandonar.
Hoje, aqui de volta, procuro uma oportunidade de algum dia te encontrar, e quem sabe, novamente, você, no seu colo me embalar.
Perdão mãe querida, eu queria viver minha vida, mas nessa vida vivida poderia ter deixado algum lugar reservado para o meu amor por ti cultivar.

                    Otávio.                                               
                                                        
Psicografia recebida em Reunião de Psicografia de 2014.                                     
            Médium:  Débora.

sábado, 1 de novembro de 2014



ORIENTE OS JOVENS

        Querido amigo José é com muita alegria que me foi permitido esta comunicação. Hoje estou bem melhor, me sinto mais leve, podendo caminhar com mais segurança. Tenho muitas saudades de você, dos nossos bate-papos em minha varanda. Lembro de seus conselhos para eu parar de beber, mas eu não tinha ouvidos de ouvir e deixei o vício me dominar.
        Estou com muitas dificuldades para expor os meus sentimentos, eu sinto que não vai ser possível entregar esta carta a você, pois você não acredita em vida após a morte. Chego a ficar preocupado com você quando for fazer esta viagem, vai levar um susto e vai pedir muito a ajuda de Deus, mas tenho certeza que estarei aqui para receber você com todo o meu carinho e respeito.
        Como eu fui tolo, deveria ter aproveitado mais a minha vida ai com você, mas não, entreguei a bebida e ela me consumiu.
        Sempre que você José ver um jovem com uma bebida forte, proibida pela idade, não tenha medo, oriente este jovem, nunca perca a esperança de salvar um ser tão perfeito, maravilhoso e que tem tanta gente zelando por ele.
        Eu tenho que ir, mas estou em tratamento ainda, pois estou contaminado, o meu corpo tem que passar por um processo de purificação, para eu ter direito a uma nova vida.


        Benedito Lima
                                                
        Psicografia recebida em Reunião Mediúnica 2014

        Médium :Nicodemos