AO MEU FILHO
Quero dedicar estas poucas palavras a meu
filho. Começo desculpando-me pela ausência física.
Peço que me perdoe por não acompanhá-lo
àquelas reuniões escolares tão enfadonhas as quais eu deixava-me levar pela
obrigação de pai enquanto você, meu filho, radiante e orgulhoso da minha
presença apertava amorosamente minha mão. Também devo desculpas por não estar
nas arquibancadas do ginásio, torcendo, entusiasmado, como os demais pais, a
cada lance do jogo do qual participava.
Acho que, até mesmo, devo-lhe desculpas por
não estar ao seu lado nas noites de insônia, quando o sono teima em afastar-se
e ceder seu lugar as velhos conhecidos tormentos infantis. Nesses momentos
posso imaginar quanto lhe seria preciosa a presença do seu pai “super-herói” lhe
dedicando um pouco da atenção desperdiçada, tantas vezes, nas noites boêmias de
nossa cidade.
Não posso, também, de pedir-lhe que me
perdoe por não ter lhe emprestado meus ombros largos e meu colo para seu
repouso singelo após a refeição tão carinhosamente preparada por sua mãe.
Desculpa-me por não poder estar presente nas fotos e álbuns que marcaram sua
trajetória vitoriosa do colegial à faculdade.
Lamento, sinceramente, o pai ausente que
sempre fui e relapso ao ponto de trocar as dádivas de nosso lar, refrigério
santificado, pela ilusória satisfação pessoal que julgava encontrar nas drogas,
na bebedeira e nos jogos de azar. Procurei fora de nosso santuário o aconchego
e a felicidade verdadeira que sempre estiveram ali, ao meu lado, junto aos meus
olhinhos meigos, à sua mente criativa e sedenta de aprendizado e aos seus
cachos tão bem cuidados e “saídos” à sua mãe.
Sinto por não ter sido o pai que você
merecia e precisava e, por minhas próprias fragilidades, ter tão cedo lhe
deixado à própria sorte.
Peço-lhe perdão, meu filho e prometo-lhe
minha vontade ardorosa e meu mais verdadeiro afeto se, por misericórdia deste
Deus, que nunca compreendi verdadeiramente, tornar-nos a nos encontrar-mos nas
voltas dessas vidas.
Um abraço do seu pai.
Alfredo.
Psicografia recebida em Reunião de
Psicografia em 2014.
Médium:
Ana Paula.