domingo, 29 de março de 2015

DIFÍCIL ENCARNAÇÃO

Meados do século XVIII, Centro Oeste do Brasil, hoje estado do Tocantins. Foi nesse lugar, em uma enorme fazenda, que destruí minha existência Quanta tristeza carreguei na minha última existência, me comprometendo com as leis de Deus imensamente.
Casei-me jovem, casamento arranjado. Conheci meu marido poucos dias antes do casamento e não trocamos sequer uma palavra. Ele era um pouco mais velho do que eu, que, na ocasião, tinha apenas quinze anos. Mesmo sem conversar ou conhecê-lo, logo que o vi, me encantei pela beleza daquele lindo homem. Acho que quando o vi, veio à tona todo o amor que nutria por ele em outras vidas. 
Casamo-nos. Nos primeiros tempos fui muito feliz, qual era a minha felicidade de sentir meu amor correspondido. Pouco tempo passou e logo engravidei do meu primeiro filho. Nos primeiros meses da gestação tudo corria bem, continuávamos companheiros e cada dia eu o amava mais.
Com o avançar da gravidez senti que pouco a pouco, nossa relação se tornava mais fria, ele já não conversava mais comigo e a gentileza dos primeiros tempos foram dando lugar a uma agressividade incompreendida. Eu não conseguia entender como o meu amor se transformara tanto. Desde então, minha vida foi se tornando mais triste, já não tinha mais esperanças que as coisas voltassem a ser como antes. Logo depois do nascimento do primeiro filho, engravidei novamente, e depois novamente, completando cinco filhos.
Não tinha muito trabalho com eles, muitas escravas eu tinha para me servir e cuidar dos meus filhos, escravas parideiras tornavam as amas de leite.
Com os passar dos anos comecei a ser acometida por ciúmes, tão grandes e tão odientos que em tornei uma mulher amarga e malvada. Sabia que ele dormia com as escravas, com isso eu as atraía para o meu convívio e logo depois aquelas pobres criaturas eram por mim envenenadas e assim fui me livrando de uma a uma, muitas delas recém saídas da infância.
Assim vivi até meus últimos dias, fazendo toda a sorte de maldades que eu podia. Adoeci ainda não idosa e desencarnei repentinamente.
Hoje tantos séculos depois de cometer tantas atrocidades e de ter passado um século e meio em regiões inferiores e depois em encarnações relativamente curtas e sofridas, consegui receber o perdão daquelas infelizes almas que eu com minha maldade cortei o sonho de tantas, pois que a maioria era obrigada a se deitar com meu marido, e isso já causava-lhes dor suficiente, quantas delas tinham algum escravo que as amava. E eu, com toda minha sede de vingança sem poder atingir o marido violento, descontava nelas. 
Encontrei muitas dessas almas que moralmente me eram muitíssimo superiores e a superioridade dela se mostra com o perdão que eu recebi.
Ainda tenho muito a resgatar, agora com maior facilidade, já que recebi o perdão tão almejado por meu espirito doentio e cheio de erros.
Parto agora para uma difícil encarnação, mais uma de resgate, só que desta vez terei uma longa e conturbada vida, passarei por muitas dificuldades financeiras e receberei como filhos do meu coração oito dessas almas para que eu possa demonstrar meu arrependimento doando e doando a elas muito amor.
Peço que Jesus me abençoe.         
 
Tereza Tavares Luz.                                                       
                                                         
Psicografia recebida em Reunião de Psicografia em  2015.                                     
Médium: Débora S C.

segunda-feira, 23 de março de 2015

MINHA MÃE FOI O MEU DEUS

É com muito carinho e atenção que fui recebido aqui, eu um menino rebelde e sem respeito nenhum por ninguém, ninguém mesmo. Minha mãe sofreu muito, pedia, pedia o tempo todo que eu fosse mais educado e que respeitasse os outros.
  Eu mesmo não sei explicar o porquê de tanta grosseria, parecia que me era muito natural agir assim. Não sentia a necessidade de mudar.
Eu cresci sem amigos e sem amor de outras pessoas, que era natural, pois, não recebiam de mim nenhuma atenção e muito menos amor. Na verdade eu recebia o que merecia: o pouco caso e a solidão.
Quando fui ficando mais velho, não muito, pois na verdade eu tinha 24 anos, uma grave doença me fez sofrer dores horríveis. Meu corpo era só feridas e cheirava mal.
Eu e minha mãe já não conseguíamos mais recursos para cuidar de mim em casa, pois, meu corpo foi se tornando uma ferida só. Tive que me separar da única pessoa que me amava: minha mãe.
Fui para o vale, onde outras pessoas estavam na mesma situação que a minha, porém, muito pior. Pude ver como eu ficaria em alguns dias ou semanas. Eu me apavorei, fiquei enlouquecido, fiquei com ódio, chorei como um menino que pede colo.
Minha mãe nunca mais apareceu. Fui deixado e esquecido por todos. Todos quem? Não havia deixado amigos, não havia amado ninguém. Com o corpo já em pedaços, eu não aguentava mais o sofrimento e pedi a Deus que me ajudasse. Eu não tinha mais forças.
Chorei, chorei, pois, eu não sabia elevar meu pensamento ao Pai. Como fazer para Ele me ouvir? Veio um senhor entrou em meu aposento e falou:
- Feche os olhos, pense em uma pessoa boa iluminada e ore, fale, peça com todo o seu amor e Ele vai ouvir.
- Minha mãe! Posso pedir a minha mãe.
- Claro, pois ela irá transmitir o seu recado a Ele.
- Hoje vejo que eu só tinha uma luz no mundo: minha mãe.
Obrigado, porque depois do meu pedido meus sofrimentos tiveram um fim, a senhora foi o meu Deus.
Muito obrigado!
Ricardo Lopes.
        

  Psicografia recebida em Reunião Psicografia 2015.

             Médium: M. Nicodemos

segunda-feira, 16 de março de 2015


POR 17 ANOS

A ultima vez que estive encarnado na Terra, meu espírito ganhou como instrumento de aperfeiçoamento e burilamento um corpo disforme e mentalmente prejudicado. Vivi por 17 anos, não foi uma encarnação longa, foi somente o tempo que meu espírito infrator precisava para completar um tempo que eu mesmo em outra existência aniquilara, esses 17 anos foram para mim de grande valia. Aprendi muito e resgatei dívidas muito grandes.
Embora tenha sido uma vida difícil, para meu espírito, muito mais difícil foi para minha mãe que se redobrava em trabalhos como lavadeira, serviço que fazia em casa, e tomar conta de mim. Tamanha a minha dependência que não era capaz de absolutamente nada, paralítico e deficiente mental, nunca proferi uma palavra sequer e a paralisia me deixava estático em uma cama.
Apesar disso tudo agradeço a Deus por ter tido a oportunidade de nesses 17 anos aprender muita coisa. Fui suicida numa encarnação anterior, era um homem inteligente e muito ativo, mas não soube dar valor a vida e num dia de desespero tirei minha própria vida. Ah! Se as pessoas soubessem o que é ser um suicida, da dor imensa que passa quem comete tal ato e não mais haveria suicídios. Por não ter dado valor ao corpo sadio voltei nessa triste condição em que não tinha a menor lucidez, os raros momentos de lucidez eram através de sonhos conturbados, mas ao acordar de nada mais me lembrava. Eu era um “espírito morto” habitando um corpo vivo.
Hoje, tanto tempo depois de ter passado por essa experiência posso dizer a vocês que ela me foi muito valiosa. De grande valia também para minha mãe que juntamente comigo falhara em outra existência e que dessa vez aprendeu o que é ter que cuidar de alguém tão dependente, e aprendeu muito mais que isso, aprendeu a me amar como só as mães sabem. Eu e ela, cada um sofrendo proporcional ao que precisava sofrer.
Bendita encarnação! Deus é amor e não estamos eternamente fadados aos erros de outrora, temos a chance de melhorar nossa situação mesmo que a duras penas. Penas essas impostas por nos mesmos, nunca por Deus, pois que Ele em seu amor não pune ninguém.
Muita paz.

Eleutério.                                                          
                                                         
Psicografia recebida em Reunião de Psicografia de 2015.                                     
            Médium:  Débora S. C.

sexta-feira, 13 de março de 2015

NEM BEM E NEM MAL

Reconheço que não me foi fácil superar a dor da separação nem tanto de entes queridos como também de prazeres fugazes e vaidades pequenas.
Obtive da vida tudo que pude conquistar: luxo, títulos e reconhecimento social. Não media esforços em se tratando de galgar degraus que me alçassem o orgulho às alturas. Não possuo méritos aos quais pudessem atribuir o acolhimento e compaixão que desfrutei, deste lado de cá, ao acordar daquele mundo ilusório para a realidade desta outra vida.
De fato, pelo próximo, pouco ou nada realizei. Por minha própria conta não me recordo de ter desviado um golpe feroz contra um indefeso ou suprimido da penúria e da fome qualquer pobre alma. Se o bem realizei foi pelas mãos de meus queridos filhos os quais, em verdade, criaram-se sem pai. Porque pai amoroso, educador e generoso, esse também não fui.
Assim, por tudo isso, o mal realizado, e o bem omitido, me intrigou aquele amanhecer singelo, já distante no tempo, em que fui visitado lá nas furnas em que minha pobre alma se encontrava por aqueles seres afáveis e quase etéreis. Suas vestes resplandecentes e límpidas contrastavam com a imundice à qual me habituara. O sorriso cândido em seus lábios e o convite em seus braços a mim dirigidos despertaram-me a consciência amargurada e pesarosa. A leveza e beatitude em seus gestos e semblantes recordavam-me de que algo poderia haver alem daqueles sítios de fealdade e solidão.
Atribuo à misericórdia divina e ás orações de meus amados filhos que a seu pai nunca esqueceram o socorro que me fora enviado. Quanto tempo perambulei lastimando e maldizendo este Deus que nunca compreendi e julgava culpado pelo estado de penúria moral em que me metera.
Colocado em escolinha evangelizadora, onde rememorei tal como as criancinhas o bê-á-bá cristão, encontrei-me com meus crimes e culpas. Alojado em hospital de fartos recursos com os quais nunca sonhei, reencontrei o equilíbrio de forças há muito perdido.
Hoje, aqui me encontro tal qual o filho pródigo da parábola santa, dando graças a Deus pelo sofrimento reparador que me limpou as vistas apagadas por grossas escamas da vida de ostentação e vaidades. Só tenho a agradecer os préstimos de amor que recebi e aos meus filhos que muito me amaram sem que eu merecesse.
A Deus e a eles o meu muito obrigado.      
          
                        Rogério.                                                         
                                                         
Psicografia recebida em Reunião de Psicografia em  2015.                                      

            Médium:  Ana Paula

domingo, 8 de março de 2015

EU MESMA? 

Olá é com muita alegria que estou aqui, nunca imaginei que seria possível eu “morta”, mandar notícias ou escrever, é incrível, estou pasma com esta possibilidade. Estou muito bem hoje, já estive muito mal, em lugares que não gosto de lembrar, até que fui resgatada e levada para um lugar onde havia luz e que luz mais brilhante não há, bem nunca visualizei uma luz que invade seu ser, é como se olhasse a alma e não você.
Eu como ia dizendo me sinto bem, um pouco sozinha. Eu gostava de viver no meio de muita gente, da loucura, em festas, com muitas bebidas, drogas e vivia tudo com muita intensidade, foi aí que eu encontrei o meu fim, que não é o meu fim. Estou viva e podendo ter contato com outras pessoas.
Eu estou me sentido não eu mesma, é como se eu não fosse eu a que viveu aí em festas e bares. Quando vim para cá eu já me sentia diferente com uma nova roupagem, com outras idéias e valores. Aí foi que entrei em parafuso, era como se eu entrasse em contradição e veio à ajuda e o esclarecimento. Eu não tinha mais o corpo para me esconder. Eu seria eu mesma na essência, eu estaria em evidência para todos verem e sentirem o que  eu realmente estava sentindo e querendo?
Mas hoje me sinto mais acolhida e sem me esconder posso ser eu mesma sem me preocupar em agradar ou magoar alguém.
É com muita alegria que me vou para um lugar que todos vão me aceitar e me respeitar, onde irei aprender melhor esta nova vida e me preparar para uma nova vida que virá.
Obrigada.
Maria José.
                                                     

 Psicografia recebida em Reunião Psicografia  2015.

              Médium  Mônica Nicodemos

domingo, 1 de março de 2015


BALA PERDIDA

O dia amanheceu ensolarado, enorme calor deixava todo mundo agitado. Embora envolvidos por aquele calorão costumeiro, tudo ia se passando normalmente, na medida do possível, o ambiente insalubre soltava um cheiro forte no ar intensificado pelo sol forte, contudo aquele dia era somente mais um naquela favela. Moleques iam e vinham, mulheres lavavam roupas, o pessoal descia as ladeiras rumo ao trabalho.
Horrivelmente se instalou uma confusão, pessoas corriam apavoradas e se ouvia no ar estalos fortes, todos já podiam imaginar era mais um confronto entre policia e os bandidos do morro. Todos corriam tentando de alguma forma se esconder, todos trêmulos de medo, pois ao final daquele confronto todos nós já sabíamos o que aconteceria.
Eu no meu desespero juntei meus filhos que brincavam na rua, levei-os para dentro do barraco tentando acomodar cada um o mais rápido possível em um lugar que oferecesse maior segurança. Mandei que deitassem no chão e que permanecessem ali. Depois de acomodá-los fui eu a procura de abrigo para mim mesma.
De repente um barulho muito forte ecoou dentro do meu barraco, senti um forte impacto no meu peito e em poucos minutos caía ali naquele chão já completamente sem sentidos. Foi ali naquele lugar, hora e circunstância que eu me despedia da vida, vitimada por uma bala perdida.
Quanto me dei conta do que acontecera imediatamente o ódio e a revolta tomaram conta de mim. Somente muito tempo depois fui compreender e aceitar a nova situação.
Fui esclarecida que aquela bala perdida tinha como destino meu corpo. Não que isso tinha que acontecer, mas a espiritualidade aproveitando aquela situação me recolheu naquela hora. Teria uma morte violenta, já programada antes da minha encarnação, aquela bala foi o instrumento utilizado para que eu retornasse.
Sei que é muito, muito difícil para quem perde um ente querido dessa forma. Polícia e bandidos não deveriam entrar em confronto, nunca. Mas peço  vocês que tentem entender a situação, ninguém retorna antes da hora marcada por Deus.
A morte violenta é sempre muito marcante para a família, mas hoje sei bem o que me aconteceu, pensei ser bala perdida, mas não era, aquele projétil tinha um alvo certo que era eu.

Maria José.             
                                                         
Psicografia recebida em Reunião de Psicografia fevereiro de  2015.                                      
            Médium:  Débora S. C.