sábado, 25 de junho de 2016

A  LOUCURA  ME  LEVOU  AO  SUÍCIDIO

Quanta saudade eu sinto do tempo que eu era criança, inocente e sem preocupação, quando meus pais eram vivos e me amavam. Aquele tempo em que tudo era felicidade, que a vida era gostosa de viver.
Mas o tempo é cruel, assim como a felicidade imperava naqueles dias,da noite para o dia tudo mudou, papai adoeceu, acamou-se e minha mãe passou a trabalhar exaustivamente para dar conta de nosso lar.
Em pouco tempo papai não mais falava, entrevou e nada mais fazia. Os trabalhos da casa, os cuidados de meu pai e a labuta exaustiva e incansável que mamãe tinha, minaram-lhe também as forças e numa tarde de inverno abandonou seu frágil corpo.
Se as dificuldades eram grandes, deste dia em diante ficaram pior...
As brincadeiras que eram nossas únicas preocupações naquela vida, sumiram, passamos a ter que cuidar de nosso pai e buscar o sustento do lar.
Foi aí que deu início a minha derrocada, sabendo que eu era moça bonita, esqueci os conselhos e os exemplos de luta de minha mãe, não quis o trabalho honesto, usei de meus atributos físicos e entrei-me a venda de meu corpo. Ah! Que estupidez a minha.  
Ganhava dinheiro, sustentava a casa, comprava os remédios e cuidava de meu pai.
Mas tudo tem um preço e este preço eu comecei a pagar quando vi após alguns anos minha irmã caçula, fruto de meu exemplo, seguir o mesmo caminho que eu e nas mãos de um homem enlouquecido pelo álcool e o desejo desenfreado a estrangulou e tirou sua vida.
Enlouquecida pelos acontecimentos entreguei-me as drogas e a tudo o que me fazia “esquecer” as dores.
A sífilis e tantas outras doenças tomaram meu corpo e em breve na loucura ingressei.   
Uma noite em momento de rara lucidez, atire-me daquela ponte e nas águas frias daquele rio minha vida se foi.
Quanto sofrimento experimentei, quanta dor, um sofrimento tão intenso que nunca poderia ter imaginado existir. Não sei precisar quanto tempo ali fiquei, transformei-me numa “bruxa”, um ser irreconhecível, um trapo...
Um dia minha bondosa e guerreira mãe, junto com um grupo de espíritos bons, conseguiram levar-me daquele lugar triste e mal cheiroso.
Hoje estou em tratamento, um tratamento longo, pois os estragos que fiz a meu espírito foram grandes, mas já sei orar e agradecer a Deus pela misericórdia que teve de mim, uma louca suicida. 
Perdão meu Deus por tudo que fiz e pela minha rebeldia. Perdão meu pai, perdão mamãe e perdão Emília, minha pequena irmã, que tanto fiz sofrer.

Julieta.       

            Psicografia recebida em  2016.                                      

            Médium: Luciano C.

sábado, 18 de junho de 2016

FUI  FRACO E EGOÍSTA

Filho onde está você? Vim ao seu encontro, por favor, apareça. Estou com saudades, estou aqui, venha para mim.
Achei eu que poderia estar do lado do meu filho assim que desencarnei. Como fui tolo e imprudente, não pensei em nenhum momento que o Senhor meu Deus não ia gostar do que fiz, mas minha dor era tamanha, enlouqueci quando meu filho não estava entre nós, e tentei, tentei varias religiões para que o conforto fosse me dado e infelizmente não suportei. Cometi o pior de todos os crimes, tirei a minha própria vida, que não é minha e sim do Pai que nos criou com sabedoria e amor.  
Fui egoísta e deixei minha querida esposa viúva e doente, sem nenhuma piedade. Sinto sua dor, sei de todos os seus lamentos e ainda encontra forças para pedir a Deus o meu perdão. Grande mulher, como é maravilhosa sua força e sua fé. Em nenhum momento ela vacilou e sempre humilde as ordens do Pai.
Eu sempre recriminei as pessoas que tiravam as próprias vidas, dizia como são fracas e egoístas, e olha eu aqui fraco e egoísta, mas o meu grande desejo era ficar do lado de meu filho querido e amado.
Um menino de apenas 15 anos sofreu de uma doença rara, mas sempre com um sorriso no rosto e com palavras de conforto para acalmar todos nós dizia: “Pai e mãe tudo vai ficar bem, não chorem e pensem que ainda estou com vocês, vamos curti esse momento não importa onde estamos, em um hospital ou em um parque.”, ele dizia com toda sabedoria e tranquilidade que nos emocionávamos ainda mais.
Hoje eu sinto que fui fraco e sinto vergonha do meu menino. Rogo a Deus que me perdoe e que me dê a oportunidade de estar do lado do meu menino, nem que seja um momento apenas. Por favor Pai,  por favor Pai...
Um dia eu já muito debilitado e quase louco, orei a Deus e pensei: Como Deus vai me ouvir se eu ainda não fiz nenhuma oração a Ele? O rei com toda a minha fé e força, aí não agüentei e senti que meu espírito ou “corpo” foi ficando esgotado e sucumbi.
Hoje me encontro em um lugar muito especial, fui socorrido e muito bem cuidado. Estou ainda em tratamento intensivo e constante, mas sinto que vou demorar a ver o meu filho, e hoje com todo o esclarecimento vejo que Deus foi prudente em não deixar que meu menino me visse em estado lastimável e triste.
 Vou fazer o melhor para que o meu filho possa estar do meu lado e não se envergonhar de mim, vou superar as dores e me fortalecer na fé. Dou graças a Deus o socorro que recebi.
Fiquem com Deus meus irmãos.

João Felipe Aragão.
 
 Psicografia recebida em 2016.
             Médium: M. Nicodemos.

domingo, 12 de junho de 2016

NÃO FOI CASTIGO DE DEUS

                Meus irmãos estou sempre na reunião, tentando uma oportunidade para dar uma mensagem, mas, como meu nome não se encontra na lista, fica difícil eu conseguir, pois o tempo é reservado para eles. Num certo dia, a irmã que me ajuda aqui nessa mensagem, percebeu a minha presença e agora consegui, estou muito feliz com isso.
             Morri muito cedo, devido a vida que levei, não conheci meu pai nem minha mãe, pra dizer a verdade, não sei como consegui viver até os dezessete anos, foi quando ocorreu a minha morte. Morte que foi acelerada pela vida que levei, sempre morando nas ruas, enfrentando a violência, fome, frio, etc., a família que conheci foi os pobres e maltrapilhos que viviam comigo, nessa mesma vida de imensas dificuldades.             
               Um dia estava com muita febre, tossia muito, a dor no corpo era insuportável, de repente, não senti mais nada. Me levantei, vi um grupo de pessoas olhando qualquer coisa no chão, me aproximei, ninguém me viu, perguntava o que estava acontecendo, ninguém me respondia, depois fiquei sabendo que se tratava do meu próprio corpo. Vaguei assim entre eles, sem que me vissem ou ouvissem e entendia cada vez menos.
                Depois de certo tempo, vi chegar até mim quatro pessoas carregando uma espécie de maca, muito limpa e um deles me deu uma espécie de água que disse ser remédio. Fiquei um pouco sonolento, me deitaram na maca que carregavam, deve ter sido a primeira vez que me deitei numa cama, como era confortável, limpa e agradável, adormeci.
                   Quando acordei, estava numa espécie de hospital, alguns enfermeiros cuidavam de mim, sentia muito bem, não sentia mais fome, sede, frio, somente um bem estar que não sentia há muito tempo. Perguntei aos enfermeiros o que tinha acontecido, onde estavam os meus amigos, ele respondeu que no momento certo eu saberia. Deram permissão para que eu me levantasse, me sentia muito bem, disposto, descansado, nada parecido com a vida que eu tinha, com o tempo descobri que eu não estava mais na terra. Eu tinha morrido.  Mas o interessante era que me sentia mais vivo do que nunca e numa condição muito melhor daquela em que eu vivia na terra. 
                    Fui me acostumando com o convívio dos irmãos e comecei aprender a ler e escrever, pois até então, era analfabeto. Comecei a frequentar reuniões onde se estudava sobre as palavras de Jesus. Soube, também, que a vida que eu levei na terra não foi castigo de Deus, pois ele não castiga ninguém, mas era devido ao meu comportamento nas vidas passadas, era a colheita do que eu havia semeado. Mas dou muito graças a Deus e Jesus por ter se compadecido de mim e eu estar agora onde me encontro.
               Sei que um dia voltarei para a terra, para uma nova existência, como e quando me é desconhecido. Espero aprender bastante para que eu possa merecer ter uma existência melhor quando voltar.
                   Deus abençoe a todos os irmãos dessa reunião que é muito querida para mim.
                   Um grande e fraternal abraço.

                   Paulo (não tenho sobrenome).

                  Psicografia recebida em reunião 2016.
                  Médium: Maria Aparecida.

sábado, 4 de junho de 2016

O  PRECONCEITO  ME  MATOU

 Quanta dor trago comigo, sinto que meu peito vai explodir. Não consigo enxergar a luz, aqui onde estou só há escuridão e muita umidade, tudo é muito sombrio, sem contar da solidão íntima que se estabeleceu na minha alma.  
Preciso de ajuda, preciso muito sair daqui. Minha mãe onde você está? Será que ainda me odeia ou se sente feliz? Muitas vezes ouvi-la dizer que me preferia morto a passar vergonha igual a que eu lhe impunha. Já faz tanto tempo que aqui estou, tempo que não sei precisar.
Mãe me ajuda, ore por mim, embora tudo o que te fiz sou seu filho.
Não posso me esquecer de tudo o que nos aconteceu, sei que a cena da minha morte não sai da minha cabeça, vejo e revejo por milhares de vezes a cena da minha morte.
Me vejo ali pendurado naquela árvore e a corda a aperta-me o pescoço. Sei que saí de casa após nos desentendermos, tudo já era muito costumeiro, mas aquele dia eu não agüentei, me senti muito humilhado e fortemente ferido, sai para o quintal da nossa casa, amarrei aquela corda na árvore e ali tudo se acabou.
Não te culpo mãe, sei que eu cometi o ato infame de tirar minha própria vida, no entanto mãe você me ajudou a tomar essa decisão, eu te via tão infeliz, tão triste com minha situação que resolvi acabar com tudo. Porque mãe, porque não me aceitou como eu era? Você foi uma mãe tão boa, tão dedicada na minha infância, me deu tanto amor, mas foi só eu entrar na adolescência e você descobriu que eu era homossexual, daí  você se rebelou contra mim.
Ah mãe como eu sofria com as suas insinuações, com as coisas que você me dizia, a maneira como passou a me tratar. Mãe você não conseguia enxergar que por dentro eu continuava o mesmo e que dentro do meu peito batia um coração cheio de sentimentos, cheio de amor por você. Porque mãe não me aceitou como eu era? Tanta coisa poderia ter sido evitada!
Você me dizia anormal, ah mãe, nunca fui anormal, nunca fui doente, eu só gostava de pessoas do mesmo sexo que eu, e o que tinha isso mãe se o importante é ter amor no coração? Não se trata um filho como você tratou a mim, seu filho, seu único filho. Quem sabe mãe eu seria seu amparo na velhice? Quem sabe a hora que você não mais pudesse caminhar eu te levava ao meu colo? Mas você por vaidade, orgulho e vergonha aniquilou tudo isso com xingamentos e maus tratos a mim que tanto te amava.  
Hoje mãe só posso te pedir que me perdoe, não pela minha homossexualidade, pois que por isso não preciso pedir perdão, nesse assunto não pequei, eu era assim e é só isso. A desculpa é por outro motivo e o motivo foi a minha fraqueza, eu deveria ter sido forte o suficiente para te entender, deixar que você falasse, não sofrer por isso, somente entender  seus devaneios e com isso não tirar minha própria vida.
Ah mãe com errei. Ninguém tem o direito de cometer esse ato, sei que sofro por isso e é por isso, só por isso que peço perdão a Deus. Peço a Ele que me estenda suas mãos amorosas e me tire desse lugar.
 Seria tão mais fácil se você tivesse conseguido me aceitar do jeito que eu era. Infelizmente não tivemos o futuro para que você entendesse todo amor que eu tinha por você. Espero ansioso o dia de sair desse lugar insalubre e novamente ter a paz que tanto tempo eu procuro.
Jesus, Maria de Nazaré nossa mãe me ajudem, esse sofrimento tem que ter um fim, sei que fui o responsável pela minha desdita, mas mesmo muito envergonhado e com lagrimas nos olhos lhe peço que me perdoem. 
                  
            Um Suicida.

            Psicografia recebida em 2016.                                     
            Médium:  Débora S C.