A LOUCURA ME
LEVOU AO SUÍCIDIO
Quanta saudade eu sinto do tempo que eu era
criança, inocente e sem preocupação, quando meus pais eram vivos e me amavam.
Aquele tempo em que tudo era felicidade, que a vida era gostosa de viver.
Mas o tempo é cruel, assim como a
felicidade imperava naqueles dias,da noite para o dia tudo mudou, papai
adoeceu, acamou-se e minha mãe passou a trabalhar exaustivamente para dar conta
de nosso lar.
Em pouco tempo papai não mais falava,
entrevou e nada mais fazia. Os trabalhos da casa, os cuidados de meu pai e a
labuta exaustiva e incansável que mamãe tinha, minaram-lhe também as forças e
numa tarde de inverno abandonou seu frágil corpo.
Se as dificuldades eram grandes, deste dia
em diante ficaram pior...
As brincadeiras que eram nossas únicas
preocupações naquela vida, sumiram, passamos a ter que cuidar de nosso pai e
buscar o sustento do lar.
Foi aí que deu início a minha derrocada,
sabendo que eu era moça bonita, esqueci os conselhos e os exemplos de luta de
minha mãe, não quis o trabalho honesto, usei de meus atributos físicos e
entrei-me a venda de meu corpo. Ah! Que estupidez a minha.
Ganhava dinheiro, sustentava a casa,
comprava os remédios e cuidava de meu pai.
Mas tudo tem um preço e este preço eu
comecei a pagar quando vi após alguns anos minha irmã caçula, fruto de meu
exemplo, seguir o mesmo caminho que eu e nas mãos de um homem enlouquecido pelo
álcool e o desejo desenfreado a estrangulou e tirou sua vida.
Enlouquecida pelos acontecimentos
entreguei-me as drogas e a tudo o que me fazia “esquecer” as dores.
A sífilis e tantas outras doenças tomaram
meu corpo e em breve na loucura ingressei.
Uma noite em momento de rara lucidez,
atire-me daquela ponte e nas águas frias daquele rio minha vida se foi.
Quanto sofrimento experimentei, quanta dor,
um sofrimento tão intenso que nunca poderia ter imaginado existir. Não sei precisar
quanto tempo ali fiquei, transformei-me numa “bruxa”, um ser irreconhecível, um
trapo...
Um dia minha bondosa e guerreira mãe, junto
com um grupo de espíritos bons, conseguiram levar-me daquele lugar triste e mal
cheiroso.
Hoje estou em tratamento, um tratamento
longo, pois os estragos que fiz a meu espírito foram grandes, mas já sei orar e
agradecer a Deus pela misericórdia que teve de mim, uma louca suicida.
Perdão meu Deus por tudo que fiz e pela
minha rebeldia. Perdão meu pai, perdão mamãe e perdão Emília, minha pequena
irmã, que tanto fiz sofrer.
Julieta.
Psicografia recebida em 2016.
Médium: Luciano C.