O SUICIDA E O MUNDO COLORIDO
Em paz me encontro neste momento, mas não
foi fácil para mim todo esse tempo. Hoje sinto bem, fortalecido na fé e sinto esperança
no meu coração.
O meu ato não foi exemplo para ninguém e eu
não quero ser lembrado sempre como um suicida.
Eu vivi pouco tempo com a minha família, pois sempre estive hospitalizado em
clínicas psiquiátricas e de loucos, pois se diferem no tratamento. Eu vivi os
dois lados da loucura, quando você é visto como um delinqüente e quando você é
visto como um louco anti-social, podendo causar danos a outras pessoas, ser
considerado um perigo para sociedade.
Gostaria muito que meus familiares
lembrassem de mim como um garoto sonhador, que queria mudar o mundo e fazer
parecer um arco iris de tão colorido, era o meu desejo. O meu mundo eu não conseguia
ver colorido e me sentia triste, então eu pensava em colorir o mundo de quem eu
gostava e amava.
Um dia eu amanheci e percebi que não era
possível colorir o mundo e fui ficando desanimado, descrente, angustiado e o
meu estado de saúde agravou. Fui ficando irado com tudo, tinha muita raiva, não
gostava que pessoas me tocassem e se dirigissem a mim com pena e falsidade, eu
ficava completamente indiferente, louco mesmo.
Minha mãe, acho eu que era a única que me
entendia e eu acho que ela compreendia toda aquela loucura que eu vivia. Numa
visita eu disse: -- “mãe não quero viver neste mundo mais, eu não pertenço mais aqui, eu colori o meu mundo, olha aqui.” E eu havia desenhado um mundo bem colorido num
pedaço de papel e entreguei a ela. Eu vou arrumar um jeito de chegar neste
mundo, não sei como, mas eu vou e a senhora não fique triste, pois estarei
feliz e liberto deste mundo cruel e cinza.
Minha mãe com toda preocupação do mundo
avisou toda clínica que eu queria cometer o suicídio, mas acho que ninguém
acreditou e fiz, provoquei a minha própria “liberdade”.
Como fui tolo em acreditar que iria para um
lugar lindo, colorido e de luz. Fiquei na escuridão por muitos anos e muitas décadas
e quando eu pensava no meu mundo colorido era o momento de paz, mas logo a
realidade se fazia presente.
Bem, fui recuperando por misericórdia de
Deus nosso Pai, pois eu era doente e não tinha total responsabilidade pelo meu
ato, mas não deixei de viver o meu tempo no umbral como todos que cometem um
ato desta natureza.
Eu quero deixar aqui um pedido. Vamos
lembrar de um suicida com mais respeito, carinho, piedade e se lembrar façam
uma prece, oração, reze, seja o que for, mas com muito respeito, pois somos
filhos de Deus que não suportamos viver num mundo cinza.
Obrigado.
Antônio
Joaquim M.
Psicografia
recebida em 2016.
Médium: M. Nicodemos.