sábado, 26 de novembro de 2016

O  SUICIDA  E  O  MUNDO COLORIDO

Em paz me encontro neste momento, mas não foi fácil para mim todo esse tempo. Hoje sinto bem, fortalecido na fé e sinto esperança no meu coração.
O meu ato não foi exemplo para ninguém e eu não quero ser  lembrado sempre como um suicida. Eu vivi pouco tempo com a minha família, pois sempre estive hospitalizado em clínicas psiquiátricas e de loucos, pois se diferem no tratamento. Eu vivi os dois lados da loucura, quando você é visto como um delinqüente e quando você é visto como um louco anti-social, podendo causar danos a outras pessoas, ser considerado um perigo para sociedade.
Gostaria muito que meus familiares lembrassem de mim como um garoto sonhador, que queria mudar o mundo e fazer parecer um arco iris de tão colorido, era o meu desejo. O meu mundo eu não conseguia ver colorido e me sentia triste, então eu pensava em colorir o mundo de quem eu gostava e amava.
Um dia eu amanheci e percebi que não era possível colorir o mundo e fui ficando desanimado, descrente, angustiado e o meu estado de saúde agravou. Fui ficando irado com tudo, tinha muita raiva, não gostava que pessoas me tocassem e se dirigissem a mim com pena e falsidade, eu ficava completamente indiferente, louco mesmo.
Minha mãe, acho eu que era a única que me entendia e eu acho que ela compreendia toda aquela loucura que eu vivia. Numa visita eu disse: -- “mãe não quero viver neste mundo mais, eu não pertenço  mais aqui, eu colori o meu mundo, olha aqui.”  E eu havia desenhado um mundo bem colorido num pedaço de papel e entreguei a ela. Eu vou arrumar um jeito de chegar neste mundo, não sei como, mas eu vou e a senhora não fique triste, pois estarei feliz e liberto deste mundo cruel e cinza.
Minha mãe com toda preocupação do mundo avisou toda clínica que eu queria cometer o suicídio, mas acho que ninguém acreditou e fiz, provoquei a minha própria “liberdade”.
Como fui tolo em acreditar que iria para um lugar lindo, colorido e de luz. Fiquei na escuridão por muitos anos e muitas décadas e quando eu pensava no meu mundo colorido era o momento de paz, mas logo a realidade se fazia presente.
Bem, fui recuperando por misericórdia de Deus nosso Pai, pois eu era doente e não tinha total responsabilidade pelo meu ato, mas não deixei de viver o meu tempo no umbral como todos que cometem um ato desta natureza.
Eu quero deixar aqui um pedido. Vamos lembrar de um suicida com mais respeito, carinho, piedade e se lembrar façam uma prece, oração, reze, seja o que for, mas com muito respeito, pois somos filhos de Deus que não suportamos viver num mundo cinza.
   
              Obrigado.
              Antônio Joaquim M.                   

 Psicografia recebida em   2016.

             Médium:  M. Nicodemos.

sábado, 19 de novembro de 2016

VIVO NUM TORMENTO SEM FIM

Estou aqui quase dois séculos e ainda hoje não consigo me perdoar de todas as maldades que fiz. Fui um rico dono de várias fazendas, muitas terras, muitos escravos. Era temido por todos, respeitado e também muito odiado e até hoje existem negros, ex-escravos que não conseguem me perdoar. 
Na minha principal fazenda, onde eu residia com a minha família eu tinha muitos, muitos escravos, e como “dono” de todos aqueles seres teria eu, hoje sei disso, que ter ajudado a quantos viviam sobre o meu domínio. Tratava aquelas pobres criaturas com mãos de ferro, tinha prazer de tratá-los com crueldade, me comprazia enormemente com isso.
Gostava de ver aqueles mais rebeldes serem castigados, terem suas costas abertas em feridas, aquilo me deixava feliz, pra mim eles não tinham alma. As negrinhas da minha senzala eram todas abusadas por mim, quantas infâncias eu destrói. Gostava de ver os pais daquelas pobres crianças assistindo toda a minha maldade e os mais atrevidos eram mortos sem pena, afinal era só um a menos em meio a tantos escravos.
Pratiquei as maiores crueldades que um ser humano pode praticar.
Meu Deus como me envergonho! Mas vou dizer, preciso dizer. Quando descobria que as moças abusadas por mim esperavam uma criança eu nem me importava em pensar o que fazer, a ordem era a mesma para todas. Ao darem a luz, o capataz, homem igualmente ruim, pegava o recém nascido e enterrava vivo, muitas vezes sobre o protesto louco de suas mães, outras já tão sofridas com toda a humilhação nem se importavam, ficavam inermes vendo toda aquela barbárie.          
Eu não podia me comprometer, odiava os negros, como explicar que gostava de me deitar com as jovens negrinhas da minha senzala? Antes que alguma suspeita pudesse recair sobre mim eu eliminava a prova. Matei muitos filhos, sou um assassino cruel, matei meus próprios filhos.
Oh meu Deus que dor sinto agora, o que fazer para corrigir tantas maldades? Vivo atormentado, ouço choro de recém nascidos, esse som não para nunca, vejo mulheres a me acusar de assassino, homens a me xingarem. Vivo num tormento sem fim.
Desespero, desespero e desespero é isso o que eu sinto, a vergonha de mim mesmo, a dor de ver como num ato contínuo todas as minhas maldades como um filme que não tem fim.
Hoje sou um pobre maltrapilho, um monstro sem face, preciso de ajuda, mas não consigo pedir, a vergonha não deixa, sofro a dor de todos os que eu fiz sofrer.
Se alguém ler essa narrativa e se sensibilizar com o sofrimento que causei aos meus irmãos, sim meus irmãos, aquelas pobres criaturas que eu tanto fiz sofrer são sim meus irmãos, peço que orem por eles, para que eles possam me perdoar, não por mim, pois que eu não mereço, mas por eles que sofrem terrivelmente até hoje por não me perdoarem, vivem igualmente a mim presos nas trevas do ódio e da vingança. Ajude-os com suas orações, peçam a Jesus por eles?
Quanto a mim? Não mereço nada, nem o sofrimento de quase dois séculos paga a metade do que fiz sofrerem os outros.
Me desculpe fazer com que leiam coisas tão cruéis, mas precisava desabafar e pedir pelos os que fiz tanto mal.

Um ex-senhor de engenho.
Um pobre ser reduzido a nada pela própria consciência culpada.     
                          
            Psicografia recebida em 2016.                                      

            Médium:  Débora S C.

sábado, 12 de novembro de 2016


O QUE A GENTE FAZ A GENTE COLHE

         Era tarde da noite, o carro corria. Chovia muito, eu comecei a ficar desassossegado. O motorista era boa pessoa com muita pratica no volante. A chuva era torrencial e não se via muita coisa, pois era impossível avistar o caminho. O estrondo que se deu nos ensurdeceu e algo muito pesado nos atingiu. Hoje eu sei que um caminhão desgovernou, bateu em outro carro e nos atingiu.
         A chuva continuava e a escuridão era demais. Eu me sentia preso, não me movia, mas estava vivo eu sentia isso. Passou muito tempo, não sei quanto tempo, e comecei a ouvir vozes. Pensei que eram gemidos, mas eram vozes mesmo.
         Já estava amanhecendo e alguém com uma lanterna iluminou meus olhos. Eu estava morto. Senti um calafrio e um medo enorme. Como explicar? Não sei.
         Levaram-me num camburão, pois todos estávamos mortos. O acidente foi fatal. Sinto muito dizer mas eu não me conformei com isso. Era jovem ainda, com tantos planos para o futuro. Possuía família, mulher e dois filhos.  Como fazer? Meu Deus! Não pode ser verdade, mas era.
         Fui velado, houve até missa de 7º dia, mas eu não me conformava. Sofri muito, fui socorrido por uma equipe espiritual, eu não era espírita fiel, mas simpatizante, acredito na vida após a morte e na reencarnação.
         Digo para vocês que isso muito me ajudou, pois logo, logo me refiz e hoje eu já posso auxiliar aos meus.
         Dizer que sou feliz completamente, não sou. Mas o que posso fazer eu faço e isso me traz alguma felicidade.
         O plano espiritual é exatamente como eu imaginava, com algumas alterações de acordo com cada um. O que precisamos, temos.
         Hoje venho dar o meu testemunho: O que a gente faz a gente colhe, mesmo aquilo que nos parece coisa boba. Mas se trouxe algum benefício para alguém isso muito nos reconforta e ajuda.
      Espero ainda um dia reencarnar fazendo parte dessa mesma família que eu tive nessa encarnação.
            Abraços a todos e obrigado.  
 
            Clebinho. 
                                                        
 Psicografia recebida em 2016.                                     

 Médium: Catarina.

sábado, 5 de novembro de 2016


O PERDÃO É LIBERTADOR

 Era só mais um dia que se iniciava como tantos outros, apesar de ter uma rotina estabelecida pelo trabalho minha vida era de certa forma bem pacata.
Naquela manhã de sábado, de um dia quente de verão, acordei como de costume, despedi-me da esposa querida e saí em direção a minha loja, morávamos muito próximo ao local de trabalho e em poucos minutos de caminhada chegava ao trabalho. Antes de abrir a loja passei para tomar um café em padaria próxima, não gostava que minha esposa tivesse trabalho, já que apesar da meia idade não tínhamos filhos, então pra que dar esse trabalho a ela? Tomava o café da manhã nessa padaria para que ela pudesse desfrutar do conforto de estar por mais algum tempo na cama.
Após o café me dirigi para minha loja e como ainda era cedo, o movimento era pouco entrei e fui resolver alguns problemas rotineiros, estava muito distraído quando um sujeito armado entrou me rendeu, roubou o que quis. Eu não queria reagir, mas num ímpeto infeliz avancei sobre ele na esperança de recuperar os objetos roubados, e ele sem a menor pena sacou de uma arma e me atingiu o abdômen, morri ali mesmo, não tive tempo de dar uma palavra, um adeus, não consegui nem ser socorrido, tudo se deu de maneira tão rápida e inesperada que não tive tempo nem de raciocinar.
Quando acordei, já não fazia mais parte do mundo dos vivos. Tomando ciência do que me houvera acontecido fui tomado por uma sensação de ódio e de rancor que me dominaram, fiquei como louco, como aceitar aquela situação?
Por muito tempo passei entre acordar e dormir, parecia que quando estava acordado a cena trágica se repetia e tornava a se repetir e assim sucessivamente até que o sono me vencia e daí a pouco eu acordava e tudo se repetia.    
Apesar de estar momentaneamente nutrindo enorme ódio no coração, eu não era assim, sempre fui dessas pessoas que a tudo perdoa, sem mágoas, sem ressentimentos. Acho que por isso fui socorrido, nunca estive desamparado, e com o passar do tempo depois de muitas conversas, muitos tratamentos consegui finalmente ir me desvencilhando daquele ódio que me consumia.
Quando me livrei desse ódio e concedi o perdão sincero ao meu assassino, afirmo a vocês que não foi a ele que perdoei , perdoei a mim mesmo, perdoei-me quando tirei do meu coração aquele ódio imenso que sentia.
Hoje venho através desse relato mostrar à vocês, que hora possam estar lendo,  sobre a importância enorme do perdão. Se soubéssemos o quanto é bom conceder o perdão a alguém, como isso é libertador, não passaríamos cultivando mágoas por tanto tempo e acabando em gotas homeopáticas com nossa saúde física e espiritual, que aos poucos vai nos minando as forças.
A palavra perdão é linda de se dizer, mas dizer que perdoa sem que esse perdão saia do coração não adianta. Sei que para muitos é difícil, mas saibam irmãos e amigos que o perdão é libertador.
Luz no caminhar de todos. 
     
Mauro.     
 
            Psicografia recebida em 2016.                                     

            Médium:  Débora S C.