A BEBIDA E AS DROGAS ACABARAM COMIGO
Tu queres que eu te diga
se estou bem. Mas como deveria estar se fui parar em um lugar tão estranho para
mim. Sofri dores e confusões, tantas que quase enlouqueci. Perguntava a todos o
que me estava acontecendo, mas ninguém me respondia. Parecia que não me viam,
ou me ignoravam de propósito.
Vaguei por lugares
ermos, sem rumo e sem horizonte. A bebida me consumiu. Meu fígado doía, as
náuseas eram constantes, tinha sede, mas nada vinha para me ajudar... Ninguém
para me consolar.
A bebida e as drogas
acabaram comigo, eu sabia disso, mas mesmo assim continuei a consumi-las. Todos
meus familiares se afastaram de mim, e acho eu, que me consideravam um pária da
sociedade. Tinham vergonha de mim, mas eu não me importava.
Fui parar em um
hospital de terceira categoria, que tinha doentes de todos os matizes, todos
drogados. Uns dementes outros não. E eu estava lá. Fiz tratamentos vários, mas
nenhum tratamento surtia resultado, a falta da droga me acabava, tinha
tremores, delirium tremens, e era um horror.
Uma manhã após uma
noite avassaladora, de terror eu me senti diferente, estava leve, mas
diferente. Não sentia meu corpo tremer mais e minha respiração estava branda, e
foi se esvaindo aos poucos até eu não senti-la mais.
Vi pessoas a meu lado
tentando me reanimar, mas não adiantou. Eu estava morto. Que coisa atroz, se eu
morrera eu não sabia porque eu via tudo e estava com ânsias de vomito e vontade
de consumir a droga, mas estava morto, eu sabia.
Como aconteceu eu não
sei, só sei que penei, mas um dia veio até mim um rapaz, jovem ainda, que me
amparou e me levou ao hospital de drogados no além.
O nome desse rapaz é
Walter, Walter Perroni, responsável por uma ala deste hospital que junto de
médicos e enfermeiros auxilia os ex-drogados. Fui para lá, e foi lá, graça a
Deus que consegui me livrar daquele suplício. Hoje eu digo que estou bem. As
vezes ainda tenho vontade de fumar, mas Walter vem com aquele sorriso maroto,
conta casos variados, fala de Deus, de Jesus
e nos anima novamente.
Nós não nos sentimos
sós e nem ociosos, pois à proporção que vamos melhorando, vamos trabalhar, a
cada qual no que gosta de fazer: na horta, na jardinagem, na marcenaria, na
confecção de curativos para o uso dos doentes.
Já tenho lá amigos
variados, até aqueles que não gostam de fazer nada são meus amigos e eu
converso com eles, procurando ajudar um pouco.
Agora
sim te digo que eu estou bem, me preparando para ir para um lugar de estudos e
recuperação da mente, pois até agora só tratei da parte da incontinência
alcoólica e da droga. Sei que vou melhorar mais ainda e num futuro próximo vou
também ajudar aqueles que se drogam e que ainda estão na Terra, para que parem
de se drogar.
Agradeço a todos,
especialmente a esse grupo que me recolheu.
Nelson. Um ex-drogado
presente a essa reunião.
Psicografia recebida em 2017.
Médium: Catarina.