O INVENTÁRIO E O FILHO BASTARDO
Já havia dez dias de meu desencarne quando eu me dei por mim.
Aconteceu tão sereno e tranqüilo que eu nem esperava por isso.
Graças a Deus tudo ficou ajeitado para os meus familiares. O inventário
começou a ser feito e eu estava presente. Tudo em ordem. Achei que nada mais ia
me levar ao desassossego. Mas tive uma surpresa imensa.
Alguém que eu havia prejudicado em vida, não porque eu quis, mas por
incapacidade minha, veio até meus familiares cobrar o que lhe era de direito.
A surpresa foi grande porque ninguém sabia daquele caso de minha
mocidade.
Um filho bastardo apareceu. Aí começou minha tortura porque todos
começaram a me culpar e eu recebia esses pensamentos como uma carga imensa
sobre meu espírito ainda debilitado.
Foi aí que, graças à Deus, pareceu um anjo de bondade e me tirou do
reduto doméstico e me trouxe para um cômodo em hospital (que eu acredito ser um
hospital) e foi me dado um passe espiritual de descanso e eu dormi.
Hoje pedem por mim. Eu agradeço, mas não se incomodem comigo. Deem ao
rapaz o que lhe é de direito e deixem-me para que eu prossiga minha vida
espiritual em paz.
Não tenho revolta, mas prefiro assim. Quero progredir.
Fiquem onde estão e ficarei onde estou.
Preciso sim de suas preces.
Jair de Paula.
Psicografia recebida em 2017.
Médium: Catarina.