sábado, 31 de março de 2018


POLICIAL JUSTICEIRO


Senhor, meu Deus, aqui estou na pátria espiritual, resgatado por Ti. Como o Senhor pode ter misericórdia de mim, um homem cruel, infeliz, que só levou desgraça às pessoas?
Eu sei o quanto devo sofrer no umbral, na lama, na escuridão, sei da responsabilidade dos atos que pratiquei em plena consciência e vontade, segura dos meus atos e golpes.
Sinto vergonha, muita mesmo, mas não consigo me arrepender, pois todos os meus crimes tinham um culpado, uma causa que me levava a uma violência, que muitas vezes era terrível e cruel.
 Por que o resgate? Procuro uma resposta. Se preciso me arrepender para ter o Seu perdão, por que me buscastes? Não consigo entender.
Não me arrependo, volto a dizer, não me sinto culpado, fui sim um justiceiro, um policial que cumpria a lei, com “olho por olho, dente por dente”, e coloquei cada criminoso no seu lugar e matei na mesma forma que feriam sua vitimas. Honrei o meu batalhão e a minha farda, tinha respeito e admiração entre os meus soldados e companheiros de luta.
Vocês me falam que tenho que nascer novamente no meio de uma comunidade e serei um revolucionário, um questionador das leis impostas pelos traficantes dos morros e comunidades, onde conquistarei muitos jovens e crianças. Serei um homem respeitado ou corrompido pelo meio da bandidagem? Terei que escolher o meu caminho. Viverei nesse ambiente desde menino e vou ter amigos que não tiveram as mesmas oportunidades e as escolhas foram erradas e muitos vão tentar me levar para a vida fácil de muito dinheiro, aí sim, provarei se o verdadeiro motivo para os meus atos era vontade de fazer justiça ou se foi apenas a vontade praticar maldades que falou mais alto.
Estou muito nervoso, pois terei muitos a quem eu fiz justiça do meu lado, me questionando e pondo à prova o meu verdadeiro sentimento.
Morrerei nessa reencarnação como um lutador de uma causa ou morrerei como um justiceiro cruel?
Deus, da mesma forma que tenho que viver essa nova vida de luta e provações, peço a Ti Senhor que tenha misericórdia de mim e não me deixe ser corrompido pelo sentimento de Justiceiro e sim de um homem que acredita na bondade da humanidade independente da sua classe social.   

 José Expedito.
 
 Psicografia recebida em 2018.

             Médium: M. Nicodemos.

sexta-feira, 23 de março de 2018


A  CALUNIA  ME  FEZ  MATAR

         Pérolas de luz são as palavras de alguém que amamos.
         Flechas pontiagudas são as palavras de um caluniador.
         A calunia é o pior punhal. Mata sem dó e sem piedade, não alcançando só uma pessoa, mas às vezes alcançando uma coletividade.
         Vai se alastrando qual erva daninha em terreno abandonado. Às vezes nem acreditamos em o quê o caluniador fala, mas vem a dúvida: Será verdade?
         Pois bem, aconteceu comigo. Eu vivia tranqüilo em meu lar simples, mas aconchegante. Vivia do meu trabalho humilde. Minha esposa era professora formada em uma escola normal. Ficava em casa e não exercia a profissão. Um dia em que cheguei em casa bem cansado, ela me disse: “eu poderia trabalhar também e ajudar-te a manter nossa casa.” Não tínhamos filhos nossos, mas criávamos um sobrinho já adolescente, filho de uma irmã de minha esposa já falecida. Eu não gostei muito da ideia, mas ela fez com que eu cedesse a sua vontade.
         Ela começou a trabalhar como uma professora substituta no colégio próximo a nossa casa.
         Trazia para casa os trabalhos dos alunos. Às vezes eu me aproximava dela e ela me dizia estar ocupada, outras vezes estar cansada.
         Começou pegando outros horários também, por falta de outra professora que estava em licença maternidade.
          Pois bem, em minha mente ciumenta eu comecei a interrogar comigo mesmo: “O que estava acontecendo? Alguma coisa estava errada...”.
         Tinha um colega meu de serviço que muitas vezes conversávamos e eu expus a ele minha duvida e lê me disse: “Quando mulher faz isso, se afasta de casa e do marido é porque existe outro...”.
         Eu fiquei paralisado e comecei a argumentar em minha mente: “Existe outro homem nos atrapalhando.”.  
         Um dia cheguei em casa mais cedo e ouvi vozes dentro da área de serviço.
         Vi uma cena constrangedora. Um homem com minha mulher. Ela estava abaixada e ele com braço sobre as suas costas. Eu tive o ímpeto de estrangulá-los, mas não fiz isso. Fui dentro do quarto, tirei o revolver e os matei e em seguida me suicidei.
         Oh! Atrocidade. Oh! Infortúnio.
          Sofri horrores. Vampiros e fantasmas me assediavam, meu corpo foi devorado por eles e eu estava vivo.
         Vi quando chegou o carro da polícia e o carro da funerária para levar nossos corpos.
          Alguém disse: “É Sr. José o bombeiro!”. Quando chegou a esposa do tal Sr. José fiquei sabendo.
         Sr. José pai de um aluno dela foi em nossa casa para consertar o encanamento na área  que estava entupido e transbordando. A hora que cheguei ele apontava para minha mulher o local do entupimento.    
         Oh tristeza, se Deus me permitisse voltar atrás eu voltaria. Por que me Deus?
        Uma pessoa apenas insinuou o adultério de minha esposa. E ela leal e sincera nunca me traiu, sempre me amou. Não tiveram culpa, nem ela nem Sr. José.
        Hoje sofro horrores, mas tenho muita fé em Deus que irei pagar por meu crime que foi abrandado pela misericórdia de Deus.
        Tenho que voltar e corrigir meu erro.
        Deus me ajude. Obrigado.   
          
         Antônio Moreira.
                                                           
 Psicografia recebida em 2018.                                     

 Médium: Catarina.

sábado, 17 de março de 2018

O MÉDICO   QUE  PERDEU  TEMPO

O tempo parecia voar, as horas do dia nunca eram suficientes para tantas coisas que eu fazia, era precioso que o dia tivesse muito mais que vinte quatro horas... Desdobrava-me entre um atendimento e outro, hora no hospital, hora no consultório, e assim seguia naquela correria sem fim.
 Nunca tive tempo pra curtir o crescimento dos meus filhos. Reuniões de escola? Jamais fui a uma festinha de dia dos pais e tantas outras promovidas pela escola. Eu nunca tive o prazer de estar presente, nunca tinha tempo e assim nessa falta de tempo, o tempo foi passando e eu cada dia correndo mais contra ele. Não posso esquecer de dizer também que por esse tempo eu já tinha acumulado significado patrimônio, meus filhos já estavam adolescentes e eu não havia me dado conta de que eles cresceram e que em meio aquela agitação e falta de tempo, o tempo tinha passado e eu não reparei o crescimento deles.
Meu reflexo no espelho também já não era mais o mesmo, não era ainda velho na idade, contava com 50 anos, mas a aparência sempre cansada demonstrava idade além da que eu tinha. A rotina de noites e noites mal dormidas estava me deixando sempre com aquela aparência de cansaço. Não aproveitava o que eu tinha conseguido, não conseguia usufruir do conforto da minha bela casa, roupas eram compradas por minha esposa, nunca tinha tempo de entrar numa loja ou passear num shopping para escolher as minhas coisas.
Meu lazer se resumia a algumas reuniões em casa de amigos que francamente nada me agradavam, achava aquilo tudo muito chato, mas acabava indo por obrigação social.
Sinceramente eu digo, eu não estava vivendo, só trabalhando e trabalhando...
Um dia amanheci me sentindo enfraquecido e um tanto mais cansado que de costume, mesmo assim levantei da cama, tomei um banho,passei pela mesa de café farta e bonita, mas não tinha costume de me sentar pra tomar o desjejum junto à minha família, e naquele dia então passei direto sem tomar nem mesmo aquele golinho de café. Saí de casa e dentro do carro já percebi que alguma coisa não estava bem comigo, saí e antes que chegasse ao meu destino com o carro ainda em movimento tive um infarto e consegui parar o carro no meio da rua, consegui ainda evitar mal maior, daí a poucos segundos eu abandonava ali dentro daquele carro de luxo  o meu corpo. Despedia-me naquele momento da minha jornada na Terra.         
Quando acordei? Não sei dizer ao certo, sei dizer como acordei, e não gosto de me lembrar, não foram tempos fáceis, sofri demais. Me cobrava severamente por tudo o que eu não tinha feito,por cada fase na vida dos meus filhos que não acompanhei, pela companhia amorosa que não fiz a minha esposa, pelas semanas e semanas consecutivas que passava sem dar um telefonema aos meus velhos pais...
Amigos o tempo é precioso, vamos amar mais, cuidar mais de quem a gente ama, dar amais atenção, ouvir, falar... Não deixem que o tempo acabe com o tempo de vocês.
Que Jesus me auxilie e que auxilie vocês.

Carlos Eduardo.
                                                          
Psicografia recebida em 2018.                
            Médium:  Débora C.

sábado, 10 de março de 2018




O ÁLCOOL MATOU MINHA VIDA

Viver! Eu sempre amei viver! Sempre fui muito cuidadosa com o meu corpo. Saúde em primeiro lugar, atividade física e alimentação saudável; enfim, achava que iria viver por muitos anos. Eu acordava e tinha pressa em viver aquele dia intensamente sem perder um segundo sequer. Eu queria viver intensamente, ser feliz, fazer tudo que me era permitido e não deixava que o desânimo ou a preguiça diminuíssem minha energia e o meu gostar de viver.
Sempre fazia meus exames periódicos e, com moderação, eu bebia com meus amigos uma cerveja, outros dias uma vodka e assim eu passava os finais de semanas, tudo muito regrado e moderado. Não havia exageros de minha parte e policiava as minhas amigas, sempre fui muito observadora e nada passava sem que eu não visse.
Numa noite de sábado eu abusei do álcool e senti uma alegria que me contagiou e eu gostei, eu queria ficar com aquela leveza e sem timidez. Foi muito bom, mas não percebi que aquele dia eu estava colocando minha vida em perigo por conta do vício.
Eu me achava superior a essas fraquezas pobres dos homens e sempre falava: “Sou superior, eu sei do meu limite, não se preocupe comigo.” Doce e triste ilusão. Fui pega pelo maldito vício do álcool, e fui acabando com tudo que eu e minha família possuíamos, moral e financeiramente.
Fiquei hospitalizada em clínicas caríssimas de luxo, fugia e, em outras clínicas, fui colocada, mas, infelizmente, o vício era tão fulminante e cruel que foi cada vez mais levando o meu gosto de viver, a minha alegria. Veio a preguiça e o desânimo. Eu já não tinha forças para lutar e, quando cansada, eu só tinha um pensamento: quero vodka. Cheguei a beber coisas que me nego a dizer neste momento, pois não sei quem vai ter acesso a esta carta, não quero contaminar ninguém.
Hoje estou aqui para relatar o que vivi, para alertar os jovens como eu para o perigo da bebida. Ficar alerta quanto ao momento de parar e não deixar que a euforia do álcool seja maior que sua alegria natural de ser. Tudo que passa do normal é perigoso, é falso, é cruel e é o seu fim inconsciente.
Eu sou Maristela..., uma jovem de 23 anos, que amava viver e que deixou uma dose a mais levar a alegria de viver por uma falsa alegria de sobreviver.
Desencarnei de um modo muito triste e de forma lamentável, fui encontrada em uma viela, sufocada pelos meus vômitos, como uma moça qualquer e sem família. Ainda com vida, pedi perdão a Deus e aos meus familiares por não ter dado valor à vida que o Criador havia me proporcionado.
O vício me venceu, mas não quero que outros se percam como eu; em apenas uma noite de sábado, eu deixei o vício acordar dentro de mim, pois trazia esta tendência de outras vidas.
E chegando aqui, percebi que fui vitima de suicídio indireto.
Não deixem que os seus jovens caiam nesse perigo. O álcool mata a vida terrena, pois a vida continua além-túmulo.

Fiquem em paz.         
                                                         
Psicografia recebida em 2018.

Médium: M. Nicodemos

sábado, 3 de março de 2018





 MORTO E ENLOUQUECIDO

         O lugar era encantador. Tudo do “meu” jeito. Eu tinha uma vida tranqüila. Vivia em paz. Tudo do jeitinho que eu sonhara.
         A meu lado, a esposa adorável; os filhos todos já haviam se casado, exceto um. Esse, cuja situação não me agradava, afastara-se de nós. Só de vez em quando, de longe em longe, vinha nos visitar. Eu sabia que sua vida sentimental era bem diferente de todo mundo, pois ele vivia com outro homem, mais velho, sisudo e muito mal humorado. Mas, se ele gostava dele, o que fazer?
          Os anos passaram, meus filhos (todos homens) foram se afastando de nós, em razão dos filhos, nossos netos já adultos; e cada um tendo seus problemas.
           Minha esposa, de vez em quando, falava deles com muitas saudades. Eu também sentia saudades, mas não falava.
           Eu comecei a ficar quieto num canto do quarto, às vezes, da varanda ficávamos tristes de saudades, até que não tínhamos mais a energia de antes e foi necessário contratarmos os serviços de um ajudante, que veio com sua família. Eles tomaram conta de nós e do lugar. Já não nos sentíamos donos.
           Meus filhos vieram nos ver, e nós expusemos a situação. Não queríamos ninguém cuidando de nós. Queríamos nossos filhos. Nenhum deles podia deixar a vida que levavam para nos olhar. Minha esposa ficou diabética, tinha que ter cuidados especiais.
           Um médico da família vinha sempre nos visitar. Um dia, ouvimos um resto de conversa dele com um dos nossos filhos... Não tem solução, a solução é uma clínica, e nós conhecemos uma muito boa...
           Fomos para a tal clínica, mas ah! Minha esposa só viveu três dias depois de ir para lá. E eu? Eu fiquei jogado, sozinho, solitário.
           Daí a pouco eu também morri.
       Na minha missa de sétimo dia, estava presente, e fiquei sabendo que aquele lugar lindo, maravilhoso, tão bem cuidado, não pertencia a meus filhos, mas ao homem maduro, companheiro de meu filho caçula.
        Oh! Desespero! Sai daquela missa aos prantos, revoltado querendo reaver aquilo que foi meu, mas que ao morrer deixara na Terra.
         De que vale o homem se esmerar, se esforçar para ter alguma coisa para deixar para seus filhos e netos, se vem um estranho e nos rouba o que é nosso?
          Estou em desespero. Não sei o que fazer. Minha esposa se afastou de mim, pois eu não a vi mais. Será que nunca mais vou estar com ela?
Fiquei sabendo que ela está em tratamento. Eu acho que eu também preciso de um tratamento, pois me acho enlouquecido.
        Ajudem-me, pois não sei o que fazer.
               
             Venâncio.    
                                                      
 Psicografia recebida em 2018.                                     
 Médium: Catarina.