sábado, 28 de abril de 2018


MATEI POR GANÂNCIA

          Voar, voar, é o que desejo. Amar, amar é também o meu desejo...
          Mas como aconteceu algo muito grave, foi-me cortado o vínculo da vida física e meus desejos desapareceram.
           Hoje desejo viver, viver. Mas como se o fio da minha vida foi-se cortado.
           Não me lamento apenas por isso, me lamento por mim. Tive todo o tempo do mundo e o desperdicei. Tive também um emprego digno que me dava o suficiente para viver, mas perdi a vida.
          Foi em um tempo remoto que nem mesmo eu sei dizer quando. Eu morava em um casebre muito pobre. Ouvi passos de cavalos e se me apresentou um cavaleiro muito nobre e esse cavaleiro pediu-me pousada. Mas qual o quê? Pousada em meu casebre? Eu não tenho nada, mas mesmo assim pedi que ele entrasse, fiz-lhe um café forte e pedi que retirasse o cassaco, que estava úmido para por perto do fogão para secar. Arrumei uma cama em uma enxerga e o cavalheiro dormiu.
         De manhã ao acordar ele já tinha ido embora. Saiu de mansinho para não me acordar, mas esqueceu uma bolsa com sua fortuna. Depois eu soube que o cavaleiro era rico, e havia saído de casa para comprar uma herdade. E eu achei sua bolsa em minha casa. Pensei: “vou ficar com ela e mais tarde vejo o que vou fazer.” Cavei um buraco no terreno ao lado e a enterrei.
         O cavaleiro voltou e disse que achava que havia esquecido a bolsa e eu disse que não estava ali. Ele insistiu e eu pedi e ele que revistasse tudo. E realmente ele não achou. Mas ficou desconfiado.
         Mais tarde enviou um capataz que me fez perguntas agressivas, me apertou de todo jeito para eu falar, mas eu não falei. Fiquei muito medroso que ele voltasse e ele voltou. Só que eu já havia posto um machado atrás da porta e eu o golpeei. Ele ficou ensanguentado e acabou morrendo. Eu sem saber o que fazer fiquei desesperado e me matei também.
        Entendo hoje que se meus sonhos não se realizaram é por causa desse meu passado.
        Hoje vejo com clareza que a gente não deve ser desonesta, não deve roubar e nem mentir porque nós ao assim fazermos estamos marcando nossa alma para sempre. Foi por isso que tanto sofri, foi por isso que aqui estou para alertar a todos que lerem essa pequena carta não cometam esses erros. Pra encontrarem a felicidade é preciso que sejam leais e pratiquem o bem. Não pela metade como pratiquei, mas por inteiro.
        Foi muito fácil para eu dar meu leito para aquele homem dormir e secar suas vestes. Mas muito difícil vencer a tentação do ouro, pela ganância, pela mentira e chegar a morrer e matar por causa disso.

        Chico. Um irmão que agradece pela oportunidade do desabafo.                                                                                   
                                                         
          Psicografia recebida em 2018.                                      
          Médium: Catarina.

sexta-feira, 20 de abril de 2018


SAUDADES  DOS  BEIJOS  DA  MAMÃE




Dor,  sinto muita dor, a dor da saudade. Queria ter a oportunidade de estar com os meus familiares, amigos e principalmente com a minha mãe. Sentir o seu cheiro, o colo, o colo macio, seus carinhos em minha cabeça e ouvir sua voz e sentir os seus lábios em meu rosto com seus beijos estalados e molhados, confesso que não gostava muito, lembro que sempre limpava, mas hoje daria tudo que não tenho mais para sentir seus beijos.
Sinto uma dor no peito que chego a ficar sem ar, se eu não estivesse morto talvez eu pensaria em perder a vida, mas já não posso mais. Como dói a dor da saudade. Hoje estou aqui com a permissão de amigos de luz, desconhecidos e anônimos e não sei o real motivo disso.
Eu agora posso dizer que a dor é bem maior, pois as lembranças estão vivas em minha memória, sinto vontade de chorar e gritar, mas uma coisa eu posso dizer, não trago mais a revolta. Estou sereno e agradecido pela oportunidade. Não conheço a Doutrina, não tenho conhecimento da psicografia que poderia expressar os meus sentimentos e que outra pessoa viva poderia sentir e ouvir, escrever exatamente o que digo, isso é incrível. Estou bem leve apesar da dor da saudade.
Eu desencarnei menino ainda, vitima de uma doença grave e desconhecida para a época em que eu vivi. Hoje tenho conhecimento porque fui esclarecido que “morri” a muitos e muitos anos. Fui envolvido por lamentos, me sentia um coitado, revoltado e não queria acreditar mais em nada, eu queria meus pais, minha vida. Era um menino sonhador, queria constituir família, ter filhos e esposa, ter um trabalho onde poderia ajudar meus pais e de repente fiquei doente e quase levei minha família para o buraco comigo, em dividas e tristezas. Nossa família era muito querida, recebíamos ajuda de todos financeiramente, com palavras amigas, carinho e muitas orações. Lembro de muitas reuniões religiosas em nossa sala e depois todos deixavam doações em dinheiro ou algum alimento, até mesmo biscoitos e balas para mim.
Chequei aqui e recusei todo o tipo de ajuda, não me reconhecia, pois não me sentia um menino e sim um rapaz com barba, eu me recusava, não me enxergava de forma alguma. Foi aí que fui levado para algum lugar, onde permaneci em tratamento, não sei qual, talvez dormindo, não trago lembranças, mas depois vim para esse local. Somente hoje sei que fui me recuperando de uma forma mais consciente e com muito carinho destes amigos estou aqui para relembrar dos doces e deliciosos beijos de minha mãe.  
Sinto saudades da senhora minha mãe e muita dor, mas hoje sei que foi para o meu crescimento espiritual que parti de uma forma tão dolorosa e prematura. Obrigado por todo o seu carinho e dedicação. Muito obrigado pelas suas lembranças, não esqueceu de mim em suas orações noturnas. Foi sua fé e seu amor que me resgatou do mundo da revolta.
Obrigado minha querida mãe.
Como dói a dor da saudade!

Humberto Luiz.

 Psicografia recebida em   2018.
             Médium:  M. Nicodemos.

sábado, 14 de abril de 2018

PELAS PORTAS DO SUICÍDIO


Quão é avassaladora a dor do arrependimento! Como sofre um espírito como o meu que por motivos tão banais procurou a saída pelas portas do suicídio.
Sofro tanto quando me vem as lembranças daquele dia fatídico. Hoje venho aqui narrar tudo o quê passei desde a equivocada decisão que tomei, achando que com aquele ato eu colocaria fim a todas as aflições que eu sofria.
A muitos anos atrás quando as  grandes edificações começavam a serem erguidas nas grandes cidades, o que se vê hoje, aqueles tempos eram pouquíssimos mesmos na grande cidade a qual eu vivia. Foi na cidade de São Paulo, que tudo aconteceu.
Saí de casa em total desespero, caminhei por muitas horas sem rumo, em total desespero, andei até entrar num edifício comercial, daqueles de dez andares, os gigantes daquela época. Entrei naquele elevador e solicitei o número nove, o penúltimo andar, desci daquele elevador tremendo e ao mesmo tempo em que sentia medo, sentia imensa coragem.
Andei pelo corredor daquele andar a procura de uma janela que logo aviste e tomado de uma coragem e uma determinação que hoje sei que não era só minha, muito estava meu espírito aflito, assediado por outros tão mais aflitos. Ainda num relance lembrei de você mãe, mas nem a sua lembrança foi capaz de me deter de tão determinado e influenciado que eu estava. Não me deti e com toda a coragem que eu achava ter, hoje sei que era na verdade um ato de extrema covardia e egoísmo joguei-me qual uma pluma e daí a pouco meu corpo estourava no chão duro e meu espírito rebelde se despediria naquele instante.
Achando que partiria para a morte, parti para a dor, para o cativeiro de lágrimas e de arrependimento, mas era tarde demais, meu corpo já não existia, consegui destruí-lo, mas o espírito atormentado vivia, vivia para lembrar a cada minuto, como num filme parado numa mesma cena o ato tresloucado. Dalí fui arrebatado para o vale de dor e de escuridão que se tornaria por muitos e muitos anos minha nova morada.
Como sofri naquele lugar, lugar escuro que me causava imenso pavor, ali no meio de criaturas terríveis, que se arrastavam que se contorciam em dores atrozes, onde o música era o ranger de dentes, o pranto, os gritos daqueles infelizes iguais a mim mesmo.
Eu no desespero da minha vida, sim minha vida, porque só meu corpo morreu e com ele não morreu mais nada, nem minha essência e nem minhas dores. Tentava me esconder em buracos escuros onde bichos voadores esvoaçam sobre a minha cabeça me causando repulsa e pavor. Logo era encontrado por aqueles que me encorajaram na hora extrema e ali eu era xingado, apedrejado e assim seguia em dolorosos sofrimentos e sempre, sempre aquela cena do dia fatídico a se desenrolar na minha lembrança.
O sofrimento ao qual eu mesmo me impus seria difícil descrever com palavras. Assim passei muito tempo nesse estado deprimente, até que um dia as orações partidas do coração amoroso da minha mãe chegaram até a mim, então consegui me desvencilhar por alguns momentos da cena que eu estava preso e consegui lembrar das orações tantas vezes ouvidas no meu antigo lar. Lembrei-me das aulas de evangelização que eu frequentava todos os domingos, naquelas manhãs alegres de criança junto a pessoas que me faziam tão feliz.
Pedi perdão a Deus, orei com todo o fervor e naquela hora senti como se uma enorme rede me prendesse me tirando dali, e entrei num estado de topor até ser tomado por um sono profundo e reparador. Naquele dia fui resgatado do terrível vale, começava ali o meu socorro. Achava que nunca mais seria feliz, e comecei a sentir que Deus é Pai e que mesmo para mim que sabia não ser merecedor, pois que muitas coisas agravaram meu ato, eu sabia o que o suicídio acarretava a quem o praticava e ainda mais para mim que pratiquei por motivos tão banais...
Ah quanta dor, quanto arrependimento. Passei anos em tratamento depurando meu espírito até ter condições de aos poucos ir me recuperando, posteriormente começava a participar da minha regeneração através de novo processo reencarnatório.
Hoje estou eu próximo a minha prova, sei que será a prova mais difícil para mim, em breve estarei mergulhado na carne para novo aprendizado e ao final fazer a prova, passarei por problemas de verdade e terei que provar que não sucumbirei. Parto com enorme esperança de ser vencedor, de ser aluno dedicado e conseguir com isso uma ótima nota nessa prova. Creio na bondade infinita de Deus e na ajuda incondicional de espíritos amorosos que me ajudarão a vencer.
Peço a Deus que me fortaleça e que me auxilie e para usar meu livre arbítrio a meu favor e a favor de quantos cruzarem meu caminho. Preciso sair vencedor.
Dessa vez não posso decepcionar aquela mesma mãe de outrora que hoje aceitou mais uma vez me receber como filho. Agradeço à Deus pelo anjo de amor e bondade que Ele me deu e que eu chamarei de mamãe.
 
Jarbas.       
             
Psicografia recebida 2018.

             Médium: Débora S C.

sábado, 7 de abril de 2018


OS  BONS  PENSAMENTOS  CURAM

         Caros amigos. Sei que já não vivo entre vós, sei que meu tempo já passou. Tenho que me conformar com isso... Mas não me conformo...
          Como saber que morri se eu ainda vivo, tenho sonhos, desejos e às vezes até raiva.
          Como me conformar com isso... Tinha meu trabalho, meus amigos, meu filho e minha família.
         Eu ainda me sentia tão em forma com tantos planos para cumprir e fazer...
         Às vezes me pego pensando, aqui também se pensa e eu nem suspeitava disso. Eu penso, eu queria que tal coisa tivesse sido assim, mas eu ainda vou fazer isso. Depois me lembro que não tenho mais futuro pela frente. Pelo menos é que eu penso.
         Quero, ou queria voltar atrás naquele dia em que eu sai de casa, afobado e apressado. Pequei as chaves do carro e sai, como saia todos dias. Voei pela estrada porque tinha que fazer um serviço em uma cidadezinha próxima. Me senti um pouco abafado, mas prossegui. Olhei para todos os lados, tudo estava livre, não vinha nenhum carro e eu fui. Mas não sei porque, talvez a alta velocidade de meu carro eu bati em alguma coisa rígida que tanto podia ser um barranco ou uma árvore. Eu bati a cabeça várias vezes. Perdi os sentidos, não sei onde foi, pois eu fiquei atordoado.
          Não me lembro de mais nada. Só sei que depois de muito tempo desacordado eu me vi em um hospital, cabeça enfaixada e doendo tanto que não sei como pode existir tanta dor. Esse hospital eu não sei onde fica, nem como é seu nome.  
          Fui atendido por um médico negro. Eu não gostava muito de negros, achava que não tinham muita competência. Fui um traído por um negro.
          Só sei que eu tinha somente essa dor de cabeça indescritível, e não movia mãos e pernas. Estava tetraplégico. O que fazer? Perguntei ao médico que até era simpático e achei-o bondoso. Me respondeu: “ Não tem nada que fazer, somente ore e procure descansar. Mude seus pensamentos apurando seus sentimentos. Você vai melhorar...”.
           E acho que passou muito tempo, não posso dizer quanto tempo. Hoje me acho melhor, já movo as mãos, sou cuidado por um fisioterapeuta e aquele médico negro, hoje é um amigo e se chama “Dr Hilton”.
           A cabeça ainda dói bastante só quando eu me revolto e acho que não merecia isso. Mas estou procurando me dominar e pensar só no bem.                           
            A vocês que pedem por mim eu agradeço. A vocês que não me entenderam peço que tenham um pouco de tolerância comigo, pois eu já morri, e peço a prece de vocês.
             Abraços em minha família. 
               
             Juliano.
                                                           
 Psicografia recebida em 2018.                                     

 Médium: Catarina.